A seguir uma entrevista com John Rosengrant, criador dos robôs lutadores de Gigantes de Aço e indicado ao Oscar de melhores efeitos especiais, formado na Universidade Estadual da Lousiana, participante de Legacy Effects, que criou os efeitos especiais de Avatar e O Exterminador do Futuro - A Salvação.
O que foi que o levou para ‘Gigantes de Aço’?
Obviamente, era uma chance de criar robôs como personagens. É claro que também gostei muito da história, principalmente a parte envolvendo Max e Atom.
Quais são os desafios da mistura de CGI e animatronics?
Acho que o principal desafio é torná-los o mais real possível. O diretor Shawn Levy, os produtores e a equipe da Digital Domain entraram neste projeto com a mentalidade de equipe, de ajudar uns aos outros e realmente torná-lo crível, até mesmo o que seria melhor usar em determinadas cenas, se computação gráfica ou bonecos animatronics. Fizemos os robôs em tamanho real, o que possibilitou uma interação muito mais eficiente com o elenco do que aconteceria com a computação gráfica. Os robôs foram importantes para atuação total do elenco.
Quanto tempo levou para fazer os bonecos animatronics para esse filme?
O processo durou cinco meses. Seis semanas para projetar e esculpir os robôs digitalmente. Cada robô herói consistia de cerca de 300 peças. O tempo restante foi para construí-los em escala real. Todos foram desenvolvidos em colaboração com Shawn Levy e o produtor de design Tom Meyer. Eles estavam bem abertos à sugestões, mas era nosso trabalho dar vida ao que havia sido criado no papel.
E qual robô era seu favorito?
Você gasta a mesma quantidade de tempo e energia em cada um deles. Mas acho que o Atom demonstrou ter um grande coração e alma para um robô, então, acho que tenho uma certa preferência por ele.
Qual foi a sequência mais complexa que você teve que fazer no filme?
Numa produção como esta, repleta de efeitos visuais e especiais, tudo é muito trabalhoso. Mas teve uma cena que foi mais complicada de fazer que foi quando retiram Atom do lixão. Tivemos de cobrir nosso heroico robô de lama e fazê-lo sentar-se, ali, no meio da chuva. Não havia tempo de preparação como gostaria de ter tido, mas eu acho que a cena acabou ficando fantástica. E estou muito orgulhoso dela.
Você teve que trabalhar de perto com os atores para realizar as cenas com os robôs?
Sim, com certeza. Os três robôs heróis que fizemos – de um total de 27 – iriam interagir especificamente com Hugh Jackman e Dakota Goyo (que interpreta seu filho Max). Ter um robô que funcionava de verdade ajudou muito o Dakota, que tinha apenas 10 anos durante as filmagens. Acredito que há um faísca mágica entre eles em cena.
Como você acabou trabalhando no cinema e no seu campo específico?
Desde que eu tinha 5 anos de idade, eu queria fazer monstros. Até estudei isso na Faculdade mais o que realmente queria era fazer este tipo de efeitos especiais. …Me mudei para a Califórnia para perseguir esse sonho e Stan Winston me contratou no O Exterminador do Futuro. Eu trabalhei com Stan por 25 anos até sua morte prematura. Com meus 3 outros parceiros da Stan Winston Creature Shop, criamos a Legacy Effects em sua homenagem e para continuar o seu legado.
Na sua opinião, o que Stan Winston trouxe para o negócio e para a arte do cinema? O que é a essência de seu legado?
A essência do legado de Stan é que ele me ensinou que o nosso trabalho é criar personagens. Não é simplesmente criar um efeito especial, mas, com a nossa tecnologia, criar um personagem memorável. Se era a Rainha Alien, ou o ciborgue exterminador, ou os dinossauros do Jurassic Park, eles sempre tiveram uma atitude e um comportamento que os deixavam “vivos”.
Qual é a parte mais emocionante do seu trabalho?
Ver na tela aquilo que eram partes mecânicas ganhando vida…
Você trabalhou em diversos filmes de grande sucesso de público, mas, dentre eles, quais foram seus filmes favoritos?
Todos eles são meus bebês. Você trabalha muito, independente do orçamento. Aí, você vai ao cinema e vê a resposta do público em relação à sua criatura. É muito gratificante. É por isso que é complicado dizer qual é seu favorito. Todos eles são o favorito (risos).
O que você acha que será o futuro da animação em computação gráfica e animatronics?
Acredito que sempre vai existir espaço para essas duas tecnologias. Fazendo Gigantes de Aço percebemos a importância de dar ao ator uma referência real para ele contracenar. O bom desempenho do elenco vem dessa interação. Tendo algo real lá, os atores podem se conectar a alguma coisa.
Entrevista realizada por Sci-fy News.
Postado por Mariana Marcon